27/06/2025

SORA Etapa 5: Aplicação de Mitigações Estratégicas

Série de Conhecimento AirHub — Seguindo nossa discussão anterior sobre Passo 4 do SORA: Determinação Inicial da Classe de Risco Aéreo (ARC), agora nos concentramos no Passo 5, que envolve a aplicação de mitigações estratégicas para reduzir o risco de colisões em voo.

Este passo é essencial para reduzir a Classe de Risco Aéreo Inicial (ARC), tornando as operações de drones mais seguras e assegurando a conformidade regulatória. Mitigações estratégicas são aplicadas antes do voo para limitar proativamente a exposição ao risco, seja por restrições operacionais ou utilizando estruturas e regras do espaço aéreo.


O Que São Mitigações Estratégicas?

Mitigações estratégicas são medidas de redução de risco pré-voo destinadas a diminuir a probabilidade de um UAS encontrar uma aeronave tripulada no espaço aéreo operacional. Essas mitigações modificam a ARC Inicial e resultam em uma ARC Residual, que determina o nível necessário de mitigações táticas nos passos subsequentes.

Mitigações estratégicas podem ser classificadas em duas categorias principais:

  1. Restrições Operacionais – Medidas que o operador do UAS controla diretamente.

  2. Estruturas e Regras Comuns do Espaço Aéreo – Medidas controladas pela Autoridade Competente ou pelo ANSP (Fornecedora de Serviços de Navegação Aérea) e que devem ser seguidas por todos os usuários do espaço aéreo.


Mitigação Estratégica por Restrições Operacionais

Restrições operacionais são estratégias de mitigação que limitam a exposição operacional do UAS, reduzindo assim a possibilidade de encontros com aeronaves tripuladas. Essas mitigações incluem:

1. Limites Geográficos
  • Limitando o volume operacional a áreas específicas onde operações de aeronaves tripuladas são raras.

  • Operando longe de espaços aéreos de alta densidade, como zonas de controle de aeroportos ou corredores de voo movimentados.

  • Voando em espaço aéreo segregado ou restrito para reduzir o risco de colisão.

Exemplo: Uma operação de UAS dentro de um espaço aéreo Classe C próximo a um aeroporto pode ser limitada a um setor definido onde não se espera tráfego regular de aeronaves tripuladas.


2. Restrições de Tempo
  • Restringindo operações a períodos de tempo específicos quando a densidade de tráfego aéreo tripulado é menor.

  • Realizando operações noturnas em espaços aéreos onde aeronaves tripuladas operam predominantemente durante o dia.

Exemplo: Um operador de drone que pretende voar em uma área portuária pode restringir operações para horas tardias da noite quando o tráfego de helicópteros é mínimo.


3. Limitando o Tempo de Exposição
  • Reduzindo a duração total operacional dentro do espaço aéreo onde operam aeronaves tripuladas.

  • Minimizando o tempo de transição em áreas de alto risco, como voar por uma rota mais curta através de espaço aéreo controlado.

Exemplo: Um drone executando uma inspeção de linha de energia perto de um corredor de voo movimentado pode ser exigido a transitar rapidamente através de áreas de risco, em vez de operar ali por períodos prolongados.


Mitigação Estratégica por Estruturas e Regras Comuns do Espaço Aéreo

Ao contrário das restrições operacionais, estruturas e regras comuns se aplicam a todas as aeronaves dentro de um determinado espaço aéreo e são impostas por autoridades como ANSPs ou provedores U-Space.


1. Regras Comuns de Voo
  • Regras de preferência que estabelecem prioridade entre aeronaves tripuladas e não tripuladas.

  • Requisitos para eletrônica de conspicuidade, como transponders ADS-B.

  • Planejamento de voo obrigatório e submissão a um sistema central ANSP.

Exemplo: Alguns espaços aéreos controlados exigem que todas as aeronaves tripuladas usem eletrônica de conspicuidade para melhorar a detectabilidade.


2. Estruturas Comuns do Espaço Aéreo
  • Corredores designados para UAS para separar o tráfego de drones das aeronaves tripuladas.

  • Rotas aéreas predefinidas ou procedimentos para uma integração mais segura.

  • Participação obrigatória nos serviços UTM/U-Space, assegurando consciência dinâmica do tráfego aéreo.

Exemplo: Um país pode implementar corredores de trânsito dedicados a drones perto de áreas urbanas para integrar operações de drones sem afetar a aviação geral.


Reduzindo a ARC Inicial Usando Mitigações Estratégicas

A ARC Inicial é atribuída com base em Categorias de Encontro no Espaço Aéreo (AECs), que definem ambientes operacionais e suas respectivas densidades de tráfego aéreo. A ARC pode ser reduzida através de mitigações estratégicas, demonstrando que a densidade de tráfego aéreo local é menor do que as suposições de risco generalizadas.

Compreendendo a AEC e a Avaliação de Densidade
  • A classificação AEC atribui uma avaliação de densidade ao espaço aéreo com base na probabilidade de encontrar aeronaves tripuladas.

  • A avaliação de densidade varia de 1 (baixa) a 5 (muito alta).

  • A ARC Inicial é baseada nessas avaliações e pode ser encontrada em tabelas padronizadas.



Passos para Reduzir a ARC Inicial
  1. Identificar a AEC aplicável à operação (por exemplo, operar perto de um aeroporto, em espaço aéreo rural não controlado, em espaço aéreo segregado, etc.).

  2. Determinar a ARC inicial com base na AEC e na avaliação de densidade de tráfego aéreo generalizada.

  3. Aplicar mitigações estratégicas para justificar uma avaliação de densidade aérea local mais baixa, como:

    • Operar em uma janela de tempo restrita quando há menos aeronaves tripuladas presentes.

    • Usar segregação do espaço aéreo ou pré-coordenação com ATC/ANSP.

    • Fornecer estudos de tráfego, dados de radar ou avaliações operacionais para validar taxas de encontro reduzidas.

  4. Submeter evidências à Autoridade Competente para aprovação do nível de ARC ajustado.



E se as Mitigações Estratégicas Não Forem Suficientes?

Se as mitigações estratégicas por si só não reduzirem suficientemente a ARC, os operadores precisarão aplicar mitigações táticas (Passo 6), como:

  • Sistemas Detectar e Evitar (DAA).

  • Ferramentas de resolução de conflitos baseadas em UTM.

  • Medidas de intervenção do piloto em tempo real.


Conclusão

O Passo 5 do processo SORA ajuda os operadores a implementar mitigações estratégicas para gerenciar proativamente os riscos aéreos antes do voo. Ao aplicar restrições operacionais e estruturas comuns do espaço aéreo, os operadores podem potencialmente reduzir as medidas de segurança necessárias nos passos subsequentes.

Na AirHub Consultancy, nós nos especializamos em avaliações de risco, integração de espaço aéreo e planejamento estratégico para operações de drones empresariais. Nossa Plataforma de Operações de Drones AirHub fornece ferramentas para analisar espaços aéreos operacionais, gerenciar riscos aéreos e assegurar conformidade com o SORA.

Fique atento ao nosso próximo blog, onde exploraremos o Passo 6 do SORA: Mitigações Táticas e Requisitos de Detectar & Evitar!


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